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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Por que o racismo é um obstáculo à garantia do direito à educação?

Em sintonia com o processo de construção de uma educação antirracista, a Ação Educativa (AE) promove o curso Educação, Relações Raciais e Direitos Humanos, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a Secretaria Municipal de Educação e o Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo.
A formação visa promover vivências e aportar conceitos e outras informações que permitam uma melhor compreensão do fenômeno do racismo, do cotidiano às políticas educacionais, pensado de forma articulada a outras desigualdades, sobretudo de gênero e renda.
Em entrevista, Denise Carreira, coordenadora da área de educação da AE, nos conta as motivações para realização da capacitação e comenta os principais temas relacionados à questão racial na escola. Confira!
Por que o racismo é um obstáculo à garantia do direito à educação?
O racismo tem que ser entendido como um obstáculo à garantia do direito humano à educação porque ele limita as oportunidades, ele limita as condições para que a população negra seja reconhecida como detentora de direitos. O racismo no cotidiano cria um conjunto de obstáculos que estão refletidos nas atitudes, nas discriminações habituais, mas também nas políticas públicas. Então, ele é um entrave muito concreto pra que a população negra possa exercer os seus direitos.
Você acha que a temática racial é uma questão somente dos negros?
Não, a questão racial ela é decorre de relações desiguais de poder entre a população branca, a população negra e outros grupos discriminados. Ela tem a ver com relações de poder, com relações sociais construídas historicamente. Então, ela só pode ser enfrentada, se for pensada nessa perspectiva de relações. Logo, nós todos, todas as pessoas, toda a sociedade e o Estado Brasileiro devem estar mobilizados e envolvidos na superação desses que é um dos grandes desafios da democracia brasileira. É importante também destacar que é necessário superar uma abordagem que entende a educação racial como mais uma das questões a serem abordadas por uma educação comprometida com o reconhecimento dos direitos de populações discriminadas, o nosso entendimento é que não é possível garantir o direito humano à educação de qualidade para todos e todas sem se enfrentar a questão racial articulada a outros desafios como as questões de gênero, as questões ligadas as regiões do Brasil, a renda e outros pontos mais. Então, é necessário inverter essa lógica de achar que a questão racial é só mais uma questão e compreender que se queremos um país que garanta o direito humano à educação é necessário abordar a questão racial, ou seja, ela é fundamental para que possamos garantir o direito para todos e todas.
Como a participação nessa e em outras iniciativas semelhantes pode contribuir para a construção e prática de uma educação antirracista?
Essas iniciativas como muitas que existem, impulsionadas inclusive por outras organizações do movimento negro ou por profissionais de educação, educadores, educadoras, que em diferentes espaços estão desenvolvendo ações de implementação da lei 10.639, essa grande conquista do movimento negro brasileiro, essas iniciativas são muito importantes para que possamos ampliar, mudar a cultura das relações raciais no Brasil e também possamos contribuir para políticas públicas que de fato signifiquem um avanço com relação a superação do racismo na realidade brasileira.
Quais foram as principais motivações para criação do curso Educação, Relações Raciais e Direitos Humanos?
Bom, a principal motivação é chamar a atenção para um desafio, para uma problemática ainda muito invisível no debate sobre qualidade da educação brasileira que é o racismo. Então, esse curso está comprometido com o objetivo da Ação Educativa de chamar a atenção para o desafio estrutural do que é o racismo na educação brasileira, nas desigualdades do nosso país. Essa iniciativa ela dialoga com outras ações que a instituição vem desenvolvendo nos últimos anos, em sintonia com as lutas que o movimento negro brasileiro implementou nos últimos anos.

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