Analise da Silva, dos Fóruns de EJA do Brasil, comenta a agenda instituinte do SNE
Quinta-feira, 13 de agosto de 2013
A professora Analise
da Silva que é doutora em educação, historiadora, coordenadora do Fórum
Mineiro de Educação de Jovens e Adultos, professora da Faculdade de
Educação da Universidade de Minas Gerais (FAE/UFMG) e representante dos
Fóruns de EJA no Fórum Nacional de Educação (FNE), aponta o
sistema como uma unidade a partir da articulação entre os entes
federados, formando um conjunto estruturado e organizado.
Ela destaca três desafios para a
instituição do sistema: "o primeiro, é a própria construção de um
Sistema Nacional de Educação (SNE). O segundo, é a busca da escola
única, que soa contraditório, pois cada grupo social quer um tipo de
escola própria, isto é, quem detém poder quer manter o status quo.
Já quem é dominado, quer uma escola que liberte. Mas o desafio é
colocar em prática a escola única numa sociedade com o nível de
desigualdade social, econômica e com diversidade cultural e racial que
temos em nosso país".
O terceiro desafio colocado por Analise é
o da regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal onde afirma
que "é necessário estabelecer, com bastante clareza, o que é o regime de
colaboração. Hoje, temos uma organização da educação na qual cada
município, estado e Distrito Federal, possui um sistema próprio. Só
iremos conseguir ter um SNE, quando todos os entes estiverem voltados
para o mesmo objetivo, de promover e prover uma educação com qualidade
social para toda a população brasileira".
A professora ressalta a necessidade de
entender que o regime de colaboração é um preceito constitucional, e,
portanto, não fere a autonomia dos entes federativos. Sugere que a
superação dos desafios colocados para a efetivação de um SNE articulado,
passa pela efetividade do controle social sobre o Estado. Assim,
construirá as bases desse sistema que, efetivamente, atenda o direito à
educação.
Salienta que "temos uma dívida histórica
e social com 88 milhões de pessoas, entre não alfabetizados, pessoas
com 15 anos ou mais que não concluíram o ensino fundamental, e pessoas
com mais de 18 anos que não concluíram o ensino médio. Precisamos vencer
o desafio do analfabetismo e do aumento da escolaridade da população".
"Os Fóruns de EJA do Brasil estão
mobilizados para levar o debate sobre a instituição do SNE a todos os
educandos da EJA do país. Acreditamos que esse sistema vai contribuir
para garantir o direito dos educandos à educação de qualidade social. Em
novembro, haverá o encontro nacional dos Fóruns de EJA onde se pretende
discutir a proposta de instituição do SNE, entre outras pautas" disse
Analise.
Sobre o papel de coordenação da agenda
instituinte, ela ressaltou que "temos políticas educacionais, e a
coordenação precisa ser exercida pela União, em articulação com estados,
Distrito Federal e municípios. Mas isso, precisa concretizar-se a cada
momento com a criação e fortalecimento dos fóruns de educação nacional,
distrital, estaduais e municipais, conforme deliberação final da Conae
(Conferência Nacional de Educação) dessa forma, fortalecemos também as
conferências de educação e a participação popular na construção de uma
concepção de educação com foco na Educação Popular.
Desse modo, os Fóruns de EJA do Brasil,
destacam o documento final da Conae, como base para a efetivação do PNE
em que suas metas e estratégias devem articular o Sistema Educacional de
Educação".
Por fim, declara que "os Fóruns de EJA
do Brasil entendem que o papel do Ministério da Educação (MEC) e da
Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase) é colocar o
PNE, que foi construído com a participação de milhares de cidadãos desse
país, em funcionamento. O MEC tanto no documento Instituir um Sistema Nacional de Educação: a agenda obrigatória para o país quanto no artigo A agenda urgente do Brasil demonstrou disposição para fazer isso e disputar a concepção de educação".
Para Analise da Silva, o MEC deve ser
protagonista da Pátria Educadora, e para isso deve haver elevação
constante do orçamento para a consecução do PNE e garantia do direito à
educação para todas as pessoas.
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