A palavra quilombo tem sua origem na palavra “kilombo”, do idioma Mbundu dos bantus, povos da região onde hoje é o país de Angola; e quer dizer o mesmo que acampamento ou fortaleza. No Brasil, se tornou um termo diretamente ligado ao período de trabalho escravo, para designar as comunidades em lugares de difícil acesso, onde escravos insatisfeitos com sua própria condição, fugitivos de seus senhores naquele período (séc. XVI, XVII e XVIII) se refugiavam, se uniam e se organizavam, de forma econômica, política, religiosa, social e militar, conforme a cultura que traziam de suas terras natais.
Os primeiros quilombos brasileiros remontam ao primeiro período do Brasil Colônia, assim que se substituiu gradativamente a mão de obra indígena pelo braço forte dos africanos (a partir de 1548), sem precisar datas; porém, tendo uma organização mais aprimorada e uma pseudo expansão em meados de 1590 em diante.
O quilombo mais conhecido na história do Brasil é o Quilombo dos Palmares, que se situa onde é o município de União dos Palmares, região no Estado Brasileiro de Alagoas, antes pertencente à capitania de Pernambuco, na região da Serra da Barriga, no período regido por capitanias hereditárias. O nome Quilombo dos Palmares se deu devido à vasta e densa vegetação predominantemente formada por palmeiras da região. Os primeiros escravos chegaram aos Palmares aproximadamente em 1580 e eram fugitivos de engenhos de produção açucareira das capitanias de Pernambuco e da Bahia.
Primeiramente eram liderados por Ganga Zumba, um descendente da linhagem de um reino tribal da Angola que liderava, organizava e recebia constantemente novos recém-chegados ao quilombo. Teve o seu ápice em população e organização no período de 1624 a 1654, onde dados históricos registram aproximadamente 35 mil habitantes, espalhados em uma área de mais de 200 km. de extensão, passando por diversas investidas das tropas coloniais e até de invasores holandeses.
Sempre reconhecidos por sua grande habilidade militar e capacidade de organização em sociedade, os quilombolas dos palmares resistiram por mais de 100 anos sem que fossem dominados ou dissipados.
Num período em que a colônia propôs um acordo de trégua com os quilombolas, prometendo liberdade aos que eram nascidos nos Palmares e restringindo a recepção de novos fugitivos, Ganga Zumba, então líder dos Palmares, aceitou o termo, que mais tarde seria descumprido pela colônia. Após uma morte por envenenamento, assumiu a liderança o sobrinho de Ganga Zumba, o conhecido Zumbi, em que, sob sua liderança, o Quilombo dos Palmares teve o seu maior reconhecimento por sua exímia liderança militar.
Depois de um século de constantes ataques e tentativas de acordo frustradas em tentar acabar ou diluir os fortalecidos negros palmarinos, Zumbi foi traído por um de seus aliados, que havia sido capturado por tropas de bandeirantes lideradas por Domingos Jorge Velho. Foram contratadas pela capitania de Pernambuco, entregando, assim, o paradeiro do líder quilombola que se encontrava ferido e escondido, o qual, sendo encontrado, foi morto decapitado e teve sua cabeça exposta em Recife.
Após a morte de Zumbi (1695), Palmares sem uma referência de líder, se dissipou e os refugiados foram espalhados pela região, mortos ou mesmo recapturados.
Mesmo com a dissolução do Quilombo dos Palmares, no Brasil, esses tipos de comunidades, de uma forma ou de outra, nunca deixaram de existir em praticamente todas as regiões do país, ainda que em número e expressividade menores por causa do fim do escravismo.
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