Publicações
O Povo Dogon – Arte Africana
Gianni Puzzo e Denise Dias Barros fizeram diversos documentários sobre a sociedade Dogon, na República do Mali, onde viveram entre 1994 e 1996.
Depois disso, foram diversas viagens para trabalho de pesquisa no caso de Denise e de registro audiovisual de Gianni. A Casa das Áfricas possui em seu acervo parte desse trabalho.
Le peuple du village de Songo
Gianni Puzzo e Denise Dias Barros fizeram diversos documentários sobre a sociedade Dogon, na República do Mali, onde viveram entre 1994 e 1996. Depois disso, foram diversas viagens para trabalho de pesquisa no caso de Denise e de registro audiovisual de Gianni. A Casa das Áfricas possui em seu acervo parte desse trabalho.
Le peuple de Kikinu
Gianni Puzzo e Denise Dias Barros fizeram diversos documentários sobre a sociedade Dogon, na República do Mali, onde viveram entre 1994 e 1996. Depois disso, foram diversas viagens para trabalho de pesquisa no caso de Denise e de registro audiovisual de Gianni. A Casa das Áfricas possui em seu acervo parte desse trabalho.
África Negra: História e Civilizações, Tomo II (Do século XIX aos dias de hoje)
Elikia M’Bokolo
São Paulo, Salvador: Casa das Áfricas, Edufba, 2011
Este volume II da África Negra: História e Civilizações…
África Negra: História e Civilizações, Tomo I (até o século XVIII)
Elikia M’Bokolo
São Paulo, Salvador: Casa das Áfricas, Edufba, 2009
Este volume I da África Negra: História e Civilizações cobre o período menos conhecido da história africana e um dos mais difíceis de abordar. Ver-se-á neste livro que, longe de estar recheado apenas com as continuidades, este tempo longo do passado africano foi talvez, em primeiro lugar, o das invenções contínuas, sob a forma de uma incessante bricolagem, de laboriosas adaptações ou de rupturas radicais. (Elikia M’Bokolo)
A Questão Ancestral: África Negra
Fábio Leite
São Paulo: Casa das Áfricas, Palas Athena, 2008
A obra explora a proposição de que várias esferas ligadas à estruturação e dinâmica dos processos sociais de três sociedades negro-africanas (Iorubá, Agni e Senufo) possuem uma dimensão ancestral dotada de concretude histórica. O estudo não é um trabalho sobre religião mas, sim, de identidade negro–africana e o tratamento tem fundamento universal, evitando assim uma visão redutora da condição humana dessas sociedades.
Amkoullel, o menino fula
21.03.2004 Historiador Eletrônico
Amkoullel, o menino fula
Marina de Mello e Souza
Marina de Mello e Souza
O livro de Hampâté Bâ nos leva para o Mali do início do século XX com rara sensibilidade narrativa.
O livro narra parte da saga de uma família, contada por um de seus mais eminentes membros, que transitou entre o mundo tradicional de seu povo, um grupo fula do atual Mali, e o mundo do colonizador francês. Neste, ele se destacou como representante de seu povo, como membro de comitês científicos, como estudioso da cultura oral malinense e defensor do seu papel no interior dessas sociedades. Aqui narra suas memórias de menino e, antes disso, o conhecimento que adquiriu acerca de seus antepassados, ouvindo atento os mais velhos nas reuniões que participou em vários pátios, na casa de muitas pessoas, em situações diferentes. À medida que nos conta os episódios, com o talento de um grande narrador (que teve em sua tradutora para o português uma colaboradora à altura), desvenda os valores, os comportamentos, as regras, as maneiras de se organizar, as injunções políticas dos grupos entre os quais viveu, na região do delta interior do Níger.
É nessa região que se desenvolveram algumas das mais brilhantes sociedades sudanesas, articuladas aos reinos do Mali, que em 1591 foi destruído por exércitos vindos da região do Marrocos, e ao reino de Songai, que sucedeu àquele e cedeu lugar a outras estruturas políticas, fortalecidas pelo comércio com o atlântico. Os pais e avós de Hampâté Bâ sofreram as conseqüências das guerras religiosas do século XIX, na esteira das quais se formaram vários estados islâmicos teocráticos, mas é a presença dos colonizadores franceses a força externa desagregadora mais presente na sua narrativa.
Quanto a esta, tem a força das tradições milenares e do talento de alguns poucos. Talvez o leitor que desconheça completamente o mundo sudanês da região do rio Níger se sinta perdido em meio a um mundo tão radicalmente diferente. Mas talvez possa compreendê-lo melhor do que por outra via qualquer, devido à força da sensibilidade como meio de comunicação universal. No meu caso, senti pulsar a vida de situações que havia abordado pelo viés do conhecimento intelectual, como disputas de poder entre diferentes clãs, padrões de comportamento e maneiras de viver o dia-a-dia. Os cartões postais anexados ao livro completam o quadro, dando exemplos visuais do que a narrativa descreve. Este é um livro cuja leitura dá prazer e que abre os horizontes.
Amkoullel, o Menino Fula
Amadou Hampâté Ba
Tradução Xina Smith de Vasconcellos
Editora: Casa das Áfricas/Palas Athena (372 págs.)
Amadou Hampâté Ba
Tradução Xina Smith de Vasconcellos
Editora: Casa das Áfricas/Palas Athena (372 págs.)
16.09.2003 Folha de São Paulo
Hampâté Bâ leva oralidade africana ao papel
Relato autobiográfico de etnólogo e filósofo malinês descreve a trajetória de mestre da transmissão oral do continente
Paulo Daniel Farah
Na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima. A frase, do malinês Amadou Hampâté Bâ, expressa a importância da transmissão oral no continente e a sensação de ouvir um sábio africano relatar suas experiências: é como se vários livros se abrissem, com uma profusão de detalhes, para dar voz às histórias e às tradições locais.
“Desde a infância, éramos treinados a observar, olhar e escutar com tanta atenção que todo acontecimento se inscrevia em nossa memória como cera virgem”, diz o etnólogo, filósofo e historiador em “Amkoullel, o Menino Fula”.
Um dos maiores pensadores da África no século 20, Hampâté Bâ integra a primeira geração do Mali com educação ocidental. Seu vínculo com a tradição oral do povo fula (nação de pastores nômades que conduz seu rebanho pela África savânica) o levou a buscar o reconhecimento da oralidade africana como fonte legítima de conhecimento histórico.
Hampâté Bâ (1900-91) participou da elaboração dos primeiros estudos que usam as fontes orais de maneira sistemática, como em “História Geral da África”, publicada pela Unesco em 1980. Se escritos como esse e outros de caráter sociológico e filosófico são mais conhecidos, o relato autobiográfico tem o mérito de revelar a trajetória desse mestre da transmissão oral e comprovar a força da “oralidade deitada no papel” (nas palavras do autor).
“O extraordinário é que ele faz a palavra por escrito. Em momentos do livro, tenho a impressão de escutar um mestre da palavra. E ele era um mestre da palavra”, afirma o professor Fábio Leite, do Centro de Estudos Africanos da USP. “A obra aborda a realidade das sociedades africanas a partir de uma visão interna, que vai de dentro para fora dos fenômenos e revela a África-sujeito, a África da identidade profunda, originária, mal conhecida, portadora de propostas em valores diferenciais.”
Nascido em 1900 em Bandiagara, no atual Mali, Hampâté Bâ começou a viajar “com apenas 41 dias de presença neste mundo” e logo entrou em contato com fulas, bambaras, dogons e hauçás, entre outras comunidades étnicas.
O rei Tidjani Tall, fundador de Bandiagara, mandara dizimar todos os membros do sexo masculino da família de seu pai, que sobreviveu ao massacre. À mãe, empreendedora e de caráter forte, chamavam de “mulher de calças”. Os pais naturais, o pai espiritual (o mestre sufi Tierno Bokar) e o padrasto lhe ensinaram cedo as regras de honra e conduta.
Hampâté Bâ examina a “morte” da primeira infância, o papel das associações de jovens na formação da personalidade africana e a relação com os brancos-brancos (os europeus) e os brancos-negros (os africanos europeizados). O autor conta que, quando pequeno, tocou a mão de um “filho do fogo” (um francês) e descobriu que ele era “uma brasa que não queima”. Sem perífrases, descreve uma expedição ao lixo dos europeus para confirmar se seus excrementos eram negros –como diziam os rumores- e, mais tarde, o envio à “escola dos brancos”, “considerada pela grande maioria dos muçulmanos como o caminho mais rápido para o inferno!”.
A descrição de uma cerimônia de circuncisão, precedida de uma grande festa que vai do pôr-do-sol ao amanhecer, recebe descrição minuciosa.
Após as arengas destinadas a estimular a coragem, ao pé de duas acácias, colocavam-se pedaços de noz-de-cola na boca dos meninos, entre os molares, para medir sua coragem. Após a retirada do prepúcio, “que retém prisioneira a maioridade”, a marca dos dentes, se ligeira, confirmava a bravura do circunciso.
Hampâté Ba expõe ainda a fragilidade da civilização da oralidade que tanto defendeu. “Uma das maiores consequências da guerra de 1914, pouco conhecida, foi provocar a primeira ruptura na transmissão oral dos conhecimentos tradicionais.” No livro, ouve-se o timbre de sua voz e o murmúrio de um mundo ameaçado.
Amkoullel, o Menino Fula
Editora: Casa das Áfricas/Palas Athena (372 págs.)
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
Editora: Casa das Áfricas/Palas Athena (372 págs.)
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
Lavra: Poesia reunida 1970-2000
16-05-2006 Diário de Notícias
Entrevista com Ruy Duarte de Carvalho a respeito de Lavra
“Eu tenho pudor em inventar situações”
Isabel Lucas Rui Coutinho
Isabel Lucas Rui Coutinho
Na introdução apresenta Lavra como um livro de memórias. Não é comum associar a poesia à memória.
Este livro corresponde a experiências situadas no tempo, remete–me a memórias, a várias fases da vida e da escrita; a várias atitudes em relação à própria experiência. São muitos anos de Angola, desde antes da independência. Isso marca vários tempos de uma experiência de Angola através da minha expressão. Chegou a altura de publicar o conjunto. Não pensei que efeito poderia ter sobre o leitor. Acho que não vou fazer mais uma coisa assim.
É uma despedida da poesia?
Acabou, acho. Continuam a acontecer-me coisas que poderiam conduzir a poemas, mas meto-os nos outros escritos.
Porquê?
Não sei explicar muito bem.
Não foi uma decisão?
Não. A última recolha são extractos de um diário e cada vez mais se parece menos com a configuração da poesia, dos poemas às escadinhas. Também a articulação da linguagem foi sendo cada vez menos isso. Mas a substância poética acho que está lá, é a mesma. Como livro de poesia acho que é o último.
Reviu alguns poemas. Com que intenção?
Dei uns toques a alguns, mas não para os transformar mais em poesia ou modificar a substância. Foi para os tornar mais iguais a eles mesmos, mesmo nos defeitos. A gente acaba por saber como lhes dar a volta.
Quanto mais nos aproximamos no tempo mais visível é o cuidado com o poema do ponto de vista plástico.
A expressão plástica sempre me interessou. Nunca a pratiquei muito porque a vida não apontou para aí. Mesmo no que escrevo há muito que se revela através de imagens. O que faço é traduzir as imagens para outra linguagem. Mesmo na prosa. A imagem faz parte da minha maneira de me situar: apreender as imagens. Fiz bastante cinema e ele gera uma maneira de compensar a necessidade de expressão plástica.
Isso revela-se na forma do poema.
É. A organização do texto na página conduz a uma maneira de leitura, as cisões dos versos, as deslocações… É para funcionar um pouco como uma pauta de música.
E o desenho do poema é feito à mão?
Depende. Tiro muitas notas. A fase final é organizá-las. O modo como o poema surge corresponde logo à sua organização no espaço do papel. Mesmo em relação à escrita continuada, à prosa, acontece ter de quebrar uma linha. É uma questão de respiração. A poesia escrita é para ler. Funciona quase sempre mal a dicção pública de poemas. Procuro induzir o leitor na cadência que acho que traz mais rendimento à palavra.
Em Da Lavra Alheia (1977-80), o quinto livro deste volume, passa para poema testemunhos da expressão oral africana. O poeta aproveita o trabalho do antropólogo?
Esse livro foi feito antes da formação de antropólogo. Fiz-me antropólogo para saber com o que estava a lidar. Havia um património de expressão africana que não estava disponível para o consumo da literatura porque a recolha era feita por especialistas, por antropólogos que traduziam tendo em conta o interesse da informação e sem extrair rendimento de uma carga poética que para mim era evidente e que estava aniquilada. É um património de sabedoria universal. Decidi dar a volta a esse património de sabedoria universal. Pus notas no fim para não perturbar a leitura e porque me parecia abusivo recorrer a fontes e não as referir, mas os poemas são da minha inteira autoria. Decorrem da experiência de contacto.
Lavra é uma palavra recorrente na sua obra poética.
Fui sempre fazendo lavras. A Lavra Paralela (1983-86) nasceu no fim da minha tese sobre pescadores em Luanda. Quando arrumei os papéis tinha bué de poemas. Estava cansado da ciência e fui descobrindo que havia imensas coisas à margem do texto. Lavra é o labor da terra, uma expressão da condição humana! Remete para coisas lá de Angola. No tempo do entusiasmo revolucionário e da Aliança Operária Camponesa foi necessário dar nome a um jornal literário da União de Escritores. Tinha de ter a alusão a operários e camponeses. Alguém lembrou ‘oficina’. Eu lembrei-me de ‘lavra’. A partir daí comecei a usar a palavra. É a minha lavra poética. A palavra funda e a poesia atribui sentidos novos às palavras. Há ideias que só se apreendem com a palavra certa. Quando não a encontramos, a ideia não se agarra.
É esse o seu objectivo enquanto escritor?
É. Mais do que veicular ideias, é configurar expressões que às vezes são ideias. A ideia não precede, necessariamente, a palavra. Na poesia é a palavra que dá acesso à ideia e não a palavra que vem dar cobertura à ideia. É a palavra que desencadeia a ideia. Há-de haver filósofos que sabem disto muito mais do que eu, porque analista de literatura não sou.
Mas tem reflectido sobre isso.
Como antropólogo o meu ofício é a análise.
Diz que não é um ficcionista.
Sim, digo isso porque comecei pela poesia. A minha acção de escrita visa a síntese, não a análise. No fim, todos andamos atrás do mesmo: fundar percepções e apreensões novas. É aí que funciona a poesia. Desde que se reconheça que se passa num determinado tempo e que as marcas do lugar lhe confiram substantividade… Tem de se conseguir alguma substantividade. A palavra é que é; esse é que é o ofício do escritor. Não é o conceito. Isso é do filósofo. Isto é imagem e metáfora. Não sai disso, senão é outra coisa. Mas cada um escreve na sua onda. Eu tenho pudor em inventar situações.
É o pé na realidade do antropólogo?
Pode ser. Talvez por isso me tornei antropólogo com tanta facilidade. Posso buscar as situações que me convêm. Nada é inocente. Quando se está no terreno vamos à procura do que se sabe que é provável encontrar. Agora sentar-me a inventar implicações, não. Não sou capaz, tenho vergonha. Mas aproveitar situações e depois deixá-las ir sozinhas, isso acontece. Cada vez mais escrevo nesta meia ficção, meia viagem, meia poesia.
Ruy Duarte de Carvalho nasceu em Santarém, em 1941. Naturalizou-se angolano em 1963.
Antropólogo, doutorado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris.
É professor na Universidade de Luanda
Autor de obras como Vou lá Visitar Pastores (1999), Os Papéis do Inglês (2000) ou Paisagens Propícias (2005)
Antropólogo, doutorado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris.
É professor na Universidade de Luanda
Autor de obras como Vou lá Visitar Pastores (1999), Os Papéis do Inglês (2000) ou Paisagens Propícias (2005)
Imaginários Áfricas, ano X, n10
A revista, com o tema Áfricas, traz artigos e reflexões sobre a cultura africana. A publicação conta com artigos de pesquisadores, colaboradores e conselheiros da Casa das Áfricas. Reproduções de obras de arte contemporânea (fotografia, escultura e pintura) dialogam com trabalhos acadêmicos para melhor compreender as dinâmicas culturais das sociedades africanas. Artigos completos no Banco de textos.
Itinerários da loucura em territórios Dogon
O trabalho de Denise combina a medicina e a sociologia, até porque a loucura está ligada às práticas sociais. Apesar da barreira lingüística, a pesquisadora conseguiu, com o auxílio de um intérprete, participar da vida cotidiana dos Dogon e, assim, compreendê-los melhor.
Denise baseou sua pesquisa na observação dos Dogon e no convívio com eles. Ela também fez entrevistas com doentes, seus familiares, adivinhos e especialistas da medicina originária Dogon no tratamento psíquico. Além disso, ela analisou contos (prosas de ficção orais) com temas relacionados à loucura.
No decorrer do trabalho, Denise teve contato com a dor associada à loucura. “Pensando que traríamos soluções e esperanças novas, um grande número de pessoas veio pedir para irmos visitá-las e ver o parente ou o amigo que elas consideravam como wede gine (loucos)”, conta a pesquisadora no livro. Por isso, ela decidiu restringir o número de pessoas com as quais teria relacionamento mais estreito.
“Os especialistas Dogon que encontramos reconhecem a força dos medicamentos da chamada biomedicina européia, mas acreditam que esta não trata a loucura. Para eles, esses medicamentos podem acalmar uma pessoa agressiva, mas não a libertam da doença”, comenta Denise no livro. A autora teve a oportunidade de acompanhar alguns rituais, com uso, muitas vezes, de plantas consideradas curativas, que fazem parte do arsenal Dogon para tratamento da loucura.
De acordo com o livro, “o que caracteriza a ação do terapeuta e marca a diferença sobre os cuidados de um leigo está no conjunto de sua intervenção: ritos propiciatórios, encantamentos, uso de medicamentos vegetais, minerais e animais, bem como a autoridade e a qualidade da própria presença como terapeuta, reconhecido como aquele que acolhe e que tem o poder de curar”. O trabalho do terapeuta Dogon, segundo Denise, aciona mecanismos contrários ao isolamento e à solidão. Tanto que, muitas vezes, a terapia exige a presença de familiares e amigos. “Dessa forma, os procedimentos recaem também sobre o grupo social, e não sobre a pessoa isoladamente”, escreve a autora.
Os terapeutas Dogon entrevistados não sistematizam as causas da wede-wede (loucura). No entanto, Denise, a partir dos dados recolhidos em sua pesquisa de campo, agrupou essas causas da loucura segundo a cultura Dogon em cinco categorias. Entre elas, está a doença associada à transgressão de proibições sociais. Segundo a pesquisadora, portanto, “os nexos – entre manifestação da loucura e sociedade, entre processos terapêuticos e práticas ancestrais, entre real e imaginário, entre religiosidade e organização social – não podem ser separados para serem conhecidos”.
Itinerários da Loucura em Territórios Dogon é envolvente, capaz de transportar o leitor para a vida entre os Dogon. Por isso, a autora tem toda a razão quando afirma que seu estudo permite “o encontro com uma rica galeria de tipos humanos com os quais vale a pena travar contato.
2004 Estante / Fiocruz – por Fernanda Marques
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