Mãe de aluno impedido de entrar em escola com guias de candomblé vai processar a prefeitura Decisão foi tomada mesmo após pedido de desculpa feito pelo prefeito Eduardo Paes
IO - O advogado Gilliard Cesar Dias - que representa a família do menino
de 12 anos que foi barrado pela diretora da Escola Municipal Francisco
Campos, no Grajaú, Zona Norte, por usar guias de candomblé - disse,
nesta quarta-feira, que vai processar a prefeitura do Rio, alegando que a
criança passou por constrangimento. A mãe do estudante, que, mais cedo,
tinha sido recebida pelo próprio prefeito, afirmou que o pedido de
desculpas feito por Eduardo Paes durante o encontro não diminuía a dor
do garoto.
- Além da retratação feita pelo prefeito, não houve nenhuma proposta
quanto à elaboração de um acordo extrajudicial. Por isso, iremos, sim,
acionar a Justiça para obter uma indenização que seja proporcional ao
constrangimento sofrido pelo meu cliente - disse o advogado.
Acompanhado da secretária municipal de Educação Helena Bomeny,
o prefeito se reuniu com o menino e a mãe dele, Rita de Cássia Araújo, na
manhã desta quarta-feira. O advogado também participou do encontro.
Logo após deixar a reunião,
Paes considerou o caso um fato isolado, dizendo que a secretaria de Educa
ção não tolera qualquer tipo de discriminação, seja homoafetiva, religiosa
ou de qualquer outro tipo na
rede pública de ensino.
- Fiz questão de pedir pessoalmente desculpas ao jovem e à sua mãe.
Ressaltei que foi um caso absolutamente isolado. Nunca tivemos um
problema com essa escola. Considero que foi um lapso, e que não irá se
repetir em nenhuma outra unidade de ensino - disse o prefeito. - Todos
os nossos alunos podem e devem, quando for da sua vontade, manifestar
seu apreço cultural e religioso. Seja usando acessórios, como as guias do
candomblé, ou broches. Nada disso pode ser proibido - completou.
Uma sindicância interna foi aberta para investigar o caso. O resultado
da investigação deve ficar pronto em até 45 dias. A Secretaria municipal
de Educação prometeu tomar as medidas cabíveis ao fim do processo. O
prefeito Eduardo Paes não quis comentar que tipo de punição a diretora
da escola poderá sofrer. Ele disse que prefere aguardar o resultado da
sindicância.
O menino foi impedido pela direção da escola de frequentar a unidade
usando guias de candomblé e bermuda branca há duas semanas.
Na semana passada, após ser impedido mais uma vez de entrar na
instituição, ele acabou sendo transferido para outro colégio, também
no Grajaú. Na próxima terça-feira, às 11h, o núcleo de candomblé
frequentado pelo estudante promete fazer uma grande manifestação na
porta da Escola Municipal Francisco Campos.
- O Globo / Alessandro Lo Bianco
- O Globo / Alessandro Lo Bianco
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